Meu pai é de família adventista do sétimo dia, minha mãe é católica. Como estudei em escola salesiana, católica, portanto, e como já era batizado nessa igreja, participei do ensino religioso como bom aluno. Sempre gostei das coisas do Evangelho.

Cumpre destacar um fato. Antes mesmo de eu nascer, meus pais e avós maternos tiveram contato com um grupo espírita que numa certa ocasião tratou e curou meu tio Everaldo de um câncer. Esse grupo, que naquele tempo não tinha uma sede própria, reunia-se semanalmente na casa de seus membros e meus pais passaram, assim, a acolher o grupo em nosso lar, em São Paulo, uma vez por mês. Eu me recordo, já criança, das pessoas chegando, das cadeiras colocas, de não poder interromper os trabalhos...

Outra curiosidade se deve ao fato de que um dos primeiros espíritas em Mato Grosso ter sido meu bisavô José Cardoso Leal, no início do século XX, em Cáceres.

Mas até meus dezoito anos eu frequentava regularmente às missas da igreja, em Cáceres na catedral e em Cuiabá na igreja Nossa Senhora Auxiliadora, que é anexa ao colégio em que eu estudava.

Quando eu tinha dezoito anos fui convidado para ir a uma reunião pública de palestra num centro espírita. Confesso que tive medo, pois não sabia o que poderia acontecer. Fui esclarecido e logo vi que tudo se parecia muito com a igreja, até os bancos de madeira que apenas não tinha o genuflexório. Minha chegada à Doutrina Espírita, graças a Deus, se deu no momento mais oportuno, pois eu já havia me decidido a deixar de lado algumas peripécias e costumes vulgares adotados na adolescência, sendo hoje possível concluir que recebi muita ajuda naqueles dias e anos. Logicamente, sou muito agradecido às mãos amigas que me conduziram e ensinaram as primeiras letras, os melhores hábitos e o amor a Jesus, ao próximo e a mim mesmo por meio do Espiritismo.

Com pouco tempo eu já estava no trabalho das feiras do livro espírita, da recepção fraterna no centro espírita Cuiabá, dos passes e das primeiras oportunidades de falar em reuniões públicas, sempre como o propósito de direcionar as palavras, em primeiro lugar, ao meu próprio coração necessitado das luzes do Evangelho, antes de querer passar lições nem sempre fáceis para as outras pessoas. Agradeço todos os dias pelos amigos que tenho feito, cultivado, e também pelas oportunidades de estudar e fazer as palestras edificantes para instituições de diversos locais de Mato Grosso e de outros estados.

O fato de ter me tornado espírita e ser um pregador do Evangelho de Jesus não me fez deixar de gostar e respeitar as outras religiões, ao contrário, penso que todas são importantes e acredito que a humanidade caminha, conquanto lentamente, para tornar o mundo mais ecumênico e tolerante.

A Doutrina Espírita não tem dogmas e é uma filosofia de vida que tem bases na ciência e traz consequências religiosas porque nos liga a Deus, Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas, ou, como dizem os Irmãos Maçons, o Grande Arquiteto do Universo. Para os espíritas, Deus nos oferece Jesus como o Modelo e Guia da humanidade, tendo ele assumido o compromisso de governar o planeta desde o princípio da formação da Terra.

As lições de Jesus, portanto, constituem a base de tudo o que procuro realizar, em qualquer meio. É o farol na escuridão neste mundo ainda muito materialista; é a bússola a ser utilizada em qualquer momento, tendo como diretriz as Leis Divinas.

Não é fácil seguir Jesus, pois ele recomenda o amor em qualquer circunstância, o amor até aos inimigos. Mas sei que fazendo exercícios, verdadeiros treinos, é possível avançar com mais suavidade e leveza.

Desejo, de todo coração, que o Evangelho faça sempre sentido em minha vida e na vida de todas as pessoas, sem preconceitos nem com a intenção de transformar Jesus num mito, pois Ele é uma realidade amorosa e firme para todos.

Nestor Fidelis.