Amar e Não Armar
Percebemos que muitas dificuldades existentes no relacionamento entre as pessoas decorrem do fato de elas estarem numa postura defensiva, fechada, desconfiada, ou mesmo agressiva, emocionalmente armada, totalmente dissociada do verdadeiro amor que desarma o desamor.
O pouco empenho, ou mesmo a preguiça, em buscarmos lidar responsavelmente com as consequências de nossas próprias atitudes ou daquele outro ser com o qual nos relacionamos faz com que acabemos vivendo num redemoinho de expectativa não correspondida, de mágoa e de vingança, afastando-nos cada vez mais do único caminho viável para que possamos viver em estado de maior leveza, ou seja, o caminho do amor.
Isso sem nos referirmos detidamente aos casos nos quais uma ou ambas as partes tem intenções menos nobres na atendidas, algumas vezes com o tom de negociata ou de exploração de toda ordem. Assim, gera-se a sensação de frustração que se transforma numa guerra prejudicial aos próprios litigantes, mas também grave ao ponto de alcançar inocentes que dependem, de uma forma ou de outra, da paz entre aqueles primeiros.
O que deixamos de perceber, muitas vezes, é que quando nos armamos contra outra pessoa, ou em desfavor de vários entes, inicialmente criamos um fechamento psicológico em relação a nós mesmos.
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Se objetivo nos armarmos em relação ao próximo é atacar, “não levar desaforo pra casa”, “não fazer papel de bobo”, demonstrar que já percebemos uma conduta, ainda que velada, tendente a nos lesar, acabamos por atacar, agredir, violentar a nós mesmos, inclusive intoxicando as células do corpo físico pelo movimento interno dissociado do bem, porque tudo o que fazemos aos outros nos afeta em primeiro lugar, tanto o mal, quanto o bem... é uma questão de escolha.
Quem se arma, portanto, tem a tendência de ficar cego ante a extensão maior que cada caso apresenta e, assim sendo, deixa de colher os melhores frutos de aprendizado ofertados pelo caso concreto. Além disso, como elege a violência e não a paz, interior e exterior, entra em sintonia com as más influências espirituais, ao passo que poderia estar recebendo ajuda dos Bons Espíritos que lhe querem realmente bem.
Amar é a escolha mais saudável e única de nos levar ao estado de felicidade que nos é possível colimar em nossas vidas. Temos inúmeros exemplos dessa realidade proposta por Jesus, mas Francisco de Assis é apontado como aquele que, após a vinda do Mestre Nazareno, foi quem melhor exemplificou as lições do Evangelho.
Em 3 de junho de 2009, ao lado da tumba na qual se encontram os restos mortais do amorável Francesco Bernardone, Joana de Ângelis trouxe uma mensagem, psicografada por Divaldo Franco, da qual podemos extrair essa sensibilidade ímpar de quem elegeu o amor como diretriz de sua passagem pela Terra, merecendo a transcrição dos trechos a seguir:
“No forte verão, quando tinhas a vista queimada pelo ferro em brasa e estavas ao ar livre, percebeste pelo zumbido das abelhas que lhes faltavam pólen e flores para fabricar mel. Não trepidaste em solicitar à tua irmã Clara que providenciasse do monastério o alimento para aquelas irmãzinhas laboriosas...
Quem se atreveu a comportar-se dessa forma, depois d’Ele, a quem tanto amaste, a ponto de imitá-lO em todos os teus momentos, a partir do instante em que Ele te chamou para a reedificação da sua igreja moral que estava em escombros?
(...)
Volta! Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus”.
Amar mais e não nos armar, nos entregando a esse sentimento por excelência que nos traz condições de desenvolver todas as demais virtudes, é uma proposta de vida factível ao alcance de todos nós que, vez ou outra, uns mais, outros menos, temos desperdiçado o tempo de evoluir com posicionamentos mentais e comportamentais de violência, quando já poderíamos estar em contato maior com tudo o que é belo e nos enriquece de valores imperecíveis.